top of page
Foto do escritorJornal Carangola

Risco de trombose por Covid-19 é maior do que por vacinas

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford indica que o risco de ocorrer trombose venosa cerebral (CVT, no acrônimo em inglês) em pessoas com Covid-19 é consideravelmente maior do que nas que receberam vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), como os imunizantes da Pfizer, Moderna e Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).



A pesquisa Trombose venosa cerebral: um estudo de coorte retrospectivo de 513.284 casos de Covid-19 confirmados e uma comparação com 489.871 pessoas recebendo vacina de mRNA reuniu os pesquisadores Maxime Taquet, John R. Geddes, Paul J. Harrison (os três do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford e da Oxford Health NHS Foundation Trust), Masud Hussain (Departamento Nutfield de Ciências Clínicas da Universidade de Oxford e da Oxford University Hospitals NHS Foundation Trust) e Sierra Luciano (TriNetX, de Cambridge, Massachusetts).


“Embora a magnitude do risco não possa ser quantificada com certeza, o risco após a Covid-19 é aproximadamente de 8 a 10 vezes o relatado para as vacinas, e cerca de 100 vezes maior em comparação com a taxa da população. O aumento do indice de CVT com a Covid-19 é notável, sendo muito mais marcante do que os riscos aumentados para outras formas de acidente vascular cerebral e hemorragia cerebral”, diz o estudo. “Os dados de trombose da veia porta (PVT) destacam que a Covid-19 está associada a eventos trombóticos que não se limitam à vasculatura cerebral”.

Outros efeitos da doença


Usando uma rede de dados eletrônicos de saúde e da Agência de Medicamentos Europeia (EMA), eles analisaram a incidência de CVT e de PVT em pacientes duas semanas após o diagnóstico de Covid-19, comparando-os com casos associados à influenza e às vacinas.


A análise dos dados da TriNetX Analytics – que abrange 59 organizações de saúde, basicamente nos EUA — mostra que a incidência de CVT em pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 é de 39 para cada milhão de pessoas, bem acima dos observados naqueles que receberam as vacinas da Pfizer e da Moderna (4,1 por milhão). No caso da gripe, nenhum caso foi observado. Para o PVT, a incidência foi de 436,4 por milhão em pacientes com Covid-19; 98,4 por milhão após a influenza e de 44,9 após as duas vacinas.


Os testes laboratoriais de pacientes que contraíram o Sars-CoV-2 fornecem ainda indícios sugestivos “de dímero D elevado, fibrinogênio reduzido e uma taxa elevada de trombocitopenia” nos grupos que sofreram CVT e PVT, com uma taxa de mortalidade de 20% e 18,8%, respectivamente.


“Esses dados mostram que a incidência de CVT cresce significativamente após a Covid-19, e é maior do que a observada em relação às vacinas BNT162b2 [Pfizer/BioNTech] e mRNA-1273 [Moderna]”, diz o estudo, referindo-se aos imunizantes mais aplicados no território americano.

A pesquisa destaca que “o risco apresentado pela Covid-19 é também maior do que a última estimativa da Agência Europeia de Medicamentos associada à vacina ChAdOx1 nCoV-19 [Oxford/AstraZeneca, 5 casos por milhão de pessoas], o que, segundo a pesquisa, ajuda a contextualizar riscos e benefícios dos imunizantes.


Sobre a preocupação de uma possível ligação entre as vacinas e a trombose venosa cerebral, e a suspensão por alguns países da aplicação dos imunizantes da AstraZeneca e da Janssen em determinadas faixas da população, o documento observa que “um componente-chave do cálculo de risco-benefício ainda é atualmente desconhecido: o risco absoluto de CVT após um diagnóstico de Covid-19”.


Com base na rede eletrônica, o estudo abrangeu um corte de pacientes que tiveram o diagnóstico confirmado de Covid-19 entre 20 de janeiro de 2020 e 25 de março deste ano, identificando outros problemas, como dímero D elevado, fibrinogênio reduzido e uma taxa elevada de trombocitopenia duas semanas após o diagnóstico da doença. Para comparação, também foram observadas as taxas de CVT e trombose esplâncnica em pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca, com base em dados da EMA.


Dos 513.284 pacientes incluídos no estudo, 54,8% eram mulheres com idade média de 46,6 anos. Do número total pesquisado, 20 sofreram CVT nas duas semanas seguintes ao diagnóstico de Covid-19. O risco foi significativamente mais alto em pacientes com histórico de doença cardiovascular. Entre os 20 casos, seis foram observados em pacientes com menos de 30 anos; quatro entre 30 e 39 anos; dois entre 40 e 49; dois entre 50 e 59; três entre 60 e 69; e três entre 70 e 79. Entre os que tomaram vacina foram observados dois casos: um que recebeu o imunizante da Pfizer e outro sobre o qual não foi possível precisar se recebeu Pfizer ou Moderna.


O risco relacionado de desenvolver CVT com a Covid-19 também foi maior do que o registrado pela EMA após a aplicação da AstraZeneca (169 casos para 34 milhões de pessoas).


Em relação ao PVT, o risco também é significativamente maior: 436,4 por milhão contra 44,9 por milhão entre os imunizados. Entre estes últimos, foram observados 22 casos: 11 após a vacina da Pfizer, dois após a Moderna e nove em que não se sabe qual o imunizante utilizado. Na Europa, os incidentes com PVT foram também maiores do que os registrados pela EMA para tromboses esplâncnicas após o uso da AstraZeneca (53 casos em 34 milhões ou 1,6 por milhão de pessoa.


O estudo destaca que os dados devem ser analisados com cuidado, já que a magnitude dos riscos de Covid-19 versus a população não é baseada em cortes combinados por idades e outros fatores demográficos. Diz ainda que não é possível concluir que as vacinas baseadas no mRNA aumentem o risco de CVT. Amostragens maiores seriam necessárias para abordar a questão.


Estudo no Brasil aponta relação com trombose


No Brasil, um artigo publicado na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz chama a atenção para a relação entre o aumento da formação de coágulos (também chamados de trombos), que podem obstruir a circulação, e o Sars-CoV-2. Seus autores, um grupo de dez pesquisadores, propõem que sua classificação seja mudada e que a Covid-19 seja a primeira infecção considerada uma febre viral trombótica. Atualmente, o agravo é classificado como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).


O estudo é assinado por especialistas em terapia intensiva, cardiologia, hematologia, virologia, patologia, imunologia e biologia molecular, que atuam em seis instituições de assistência médica e pesquisa científica no Brasil: Hospital Pró-Cardíaco, Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase), Instituto Nacional do Câncer (Inca), Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) e United Health Group. No IOC/Fiocruz, participam os Laboratórios de Virologia Comparada e Ambiental, de Aids e Imunologia Molecular, de Inflamação, de Patologia e de Imunofarmacologia.


Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)

Comments


O Jornal Carangola não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens.
O Jornal Carangola se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas.
As opiniões são de responsabilidade exclusivamente de seus autores.

49.png

Parceiros

exame.png
sicredi 2.gif
2.png
mauricio padilha.png
FOTO PERFIL.png
projetilar.png
LOGOS AYA 2.png
437755017_956548816474171_2121639489067002229_n.jpg
PURO SABOR FOTO PERFIL.png
438198013_958102139652172_1147900987193066066_n (1).jpg
sinergiasolar1_1699029985861.jpeg
WhatsApp Image 2024-04-19 at 16.04.49 (1).jpeg
sicredibotucarai_1705112184178.jpeg
FOTO-PERFIL.png
jornalcarangola_1705119737294.jpeg
PERFIL.png
bottom of page