A temperatura geral de nosso planeta está aumentando, o que representa um grande problema para a humanidade. Com toda essa tensão em torno do clima, o que a maioria das pessoas deseja é que tudo comece a esfriar.
Existe um lugar na Terra que está esfriando lentamente ao longo de bilhões de anos. Mas, agora, isso está acontecendo mais rápido do que se imaginava: trata-se do centro do nosso planeta, onde está o núcleo, o lugar mais quente do globo.
Isso, de acordo com pesquisadores do Japão, Estados Unidos, Alemanha e Suíça. A descoberta da equipe de cientistas foi publicada na Earth and Planetary Science Letters.
Tema de estudo complicado
O núcleo terrestre está esfriando muito lentamente há 4,5 bilhões de anos. Ainda assim, a enorme quantidade de calor que ele emana para o manto ajuda a impulsionar processos vitais importantes, como o vulcanismo e o movimento das placas tectônicas.
O núcleo externo é composto por uma liga de níquel e ferro que atua como um amortecedor entre o núcleo interno e o manto da Terra, uma camada de rochas derretidas e magma. Ele está situado há 2.900 quilômetros abaixo da superfície do globo, se estendendo até 5.150 km. Já o ponto mais quente é o núcleo interno, uma bola de ferro com temperaturas que podem chegar aos 6 mil graus Celsius.
Estudar essa parte do nosso planeta é extremamente difícil. O que resta, é fazer pesquisas e experimentos geofísicos que simulam as condições encontradas por lá, em laboratório. E foi isso que a equipe de Motohiko Murakami, professor de ciências da Terra da ETH Zurique e principal autor da pesquisa, fez como um mineral chamado bridgmanite, encontrado na linha núcleo-manto.
A pesquisa de Murakami e seus colegas indicou que a condutividade térmica desse mineral é de 1,5 vezes maior do que era esperado. Conforme explica o professor, com isso, a taxa de transferência de calor do núcleo acontece de forma mais eficiente do que se pensava até então, causando um resfriamento mais acelerado do núcleo.
Mas, mesmo que o centro terrestre esteja esfriando mais rápido, isso não terá nenhum tipo de impacto na crise climática. Isso porque esse processo envolve uma escala de tempo de bilhões de anos. Já as mudanças climáticas, é algo atual e está ocorrendo em curto espaço de tempo, isto é, em décadas.
E se o núcleo esfriar
Todas as funções vitais do planeta seriam interrompidas com o resfriamento do núcleo externo derretido. Uma das principais consequências seria o desaparecimento do campo magnético da Terra.
Quando isso acontecer, as bússolas deixarão de apontar para o norte. Os pássaros e todos os animais que se orientam pelo campo magnético ficariam desorientados sem saber para onde migrar. As placas tectônicas também não se moveriam e teríamos menos erupções vulcânicas e terremotos.
Embora essa última parte pareça boa, no cenário geral é algo péssimo. Por exemplo: as erupções vulcânicas garantem solo fértil para a agricultura, já que o material expelido serve como adubo no solo onde foi derramado.
Sem atmosfera, deixaríamos de ter água e a radiação na superfície do planeta seria intensa. Em outras palavras, a Terra se transformaria em algo mais parecido com Marte.
Os cientistas são cautelosos em dar palpites sobre quando o núcleo terrestre esfriará por completo. Mas Andrew Rushby, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, fez uma projeção nesse sentido em 2013. Segundo o pesquisador, se não aparecer um asteroide desonesto, um holocausto nuclear ou qualquer outro imprevisto, ainda poderemos viver por aqui pelos próximos 1,75 bilhão a 3,25 bilhões de anos.
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