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Após inundações na Bahia, meteorologia prevê chuvas fortes no Sudeste; entenda

Depois de fortes chuvas terem deixado um rastro de destruição no sul da Bahia, com mais de 20 mortes, milhares de desabrigados e cidades inteiras alagadas, agora a previsão é de temporais para o Sudeste.



Segundo meteorologistas ouvidos pela reportagem, radares preveem fortes chuvas para os próximos dias nos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.


De acordo com o meteorologista Francisco de Assis, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), espera-se que as chuvas diminuam na Bahia, norte de Minas Gerais e migrem para regiões mais ao sul.


"A partir desta quarta-feira (29/12), a chuva vai se concentrar em Minas Gerais, principalmente na região do Vale Jequitinhonha, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. A previsão é que chova de maneira significativa nos próximos dias, inclusive na passagem de ano", afirmou Assis.


Por conta desse grande volume de chuvas, a expectativa é que as temperaturas também caiam e se mantenham amenas em todo o Sudeste. Segundo o Inmet, a previsão é que os termômetros não passem dos 23°C em São Paulo na sexta-feira (31/12), véspera do Ano Novo, com mínima prevista de 16°C.


De acordo com os meteorologistas ouvidos pela reportagem, a previsão é que chova cerca entre 100 e 200 mm até o próximo domingo (2/1), a mesma quantidade esperada para o mês inteiro de dezembro.


Para efeito de comparação, uma das localidades mais atingidas pelas inundações na Bahia, a cidade de Ilhéus, registrou no dia de Natal deste ano mais chuva (136mm) do que o acumulado durante o mês de dezembro inteiro em 2020 (118mm) e em 2018 (131mm).


Mas um volume tão grande de chuvas também deve causar transtornos nas regiões.


Espera-se que ocorram alagamentos em diversas cidades, como as capitais São Paulo e Belo Horizonte. A sequência de dias chuvosos deve encharcar o solo o que pode proporcionar condições para deslizamentos de terra.


A BBC News Brasil procurou a Defesa Civil dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo para saber se elas prepararam algum esquema especial para as chuvas dos próximos dias, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.


O que causa essa chuva?


De acordo com o meteorologista Francisco de Assis, há um sistema de ar quente concentrado entre o sul da Bahia e norte de Minas Gerais, que vai começar a descer. Nesse movimento, essa massa encontrará uma frente fria que está se formando no Sul do país.


O encontro da massa quente e úmida com a fria vai causar as fortes chuvas previstas. A maior intensidade será registrada em Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mas também deve haver precipitações acima da média inclusive no Distrito Federal.


Por outro lado, o grande volume de chuva prevista para os próximos dias na região entre o sul de Minas Gerais e norte de São Paulo deve contribuir para o aumento do nível dos principais reservatórios paulistas.


De acordo com o Portal dos Mananciais, da Sabesp, os principais reservatórios que abastecem a Grande São Paulo estavam com 37,8% da sua capacidade total na manhã desta terça-feira (28/12). No mesmo dia de 2020, o site apontava 45,9%.


"Com certeza deverá causar um pequeno alívio no nível das represas, caso essa quantidade de chuva se confirme nessa região das cabeceiras dos rios que abastecem o sistema Cantareira, principalmente no Sul de Minas", disse o meteorologista Francisco de Assis.

Os temporais devem se concentrar, segundo os especialistas, no fim das tardes e início das noites. Porém, em alguns dias podem ocorrer chuvas ao longo do dia, como aconteceram nesta terça-feira na cidade de São Paulo.


De acordo com o Corpo de Bombeiros, os temporais que atingiram a capital paulista causaram ​​19 quedas de árvore, no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona leste, além de São Bernardo do Campo e Guarulhos, na Grande São Paulo. Também foram registrados oito desabamentos em Santo André e Mauá, ambas cidades da região metropolitana.


Ainda na tarde desta terça, os bombeiros atenderam a 71 ocorrências de enchentes e alagamentos, principalmente na cidade de Santo André, na Grande São Paulo.


Para especialistas, há pelo menos três fatores que podem ser associados à alta intensidade das chuvas recentes no Brasil: La Niña, depressão subtropical e aquecimento global.


O impacto de eventos La Niña no clima do Brasil


“Para o Norte e Nordeste do Brasil, a La Niña sempre vai ser um sinônimo de chuvas frequentes e acima do esperado”, afirma Hagi. Mas o que é La Niña (A Menina, em tradução literal do espenhol)?

Para entender o termo, é necessário explicar o fenômeno mais geral em que ele está inserido: o chamado evento ENOS ou El Niño-Oscilação Sul.


O El Niño (O Menino) é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico, principalmente nas zonas equatoriais.


Ele ocorre normalmente em intervalos médios de quatro anos, geralmente em dezembro, próximo ao Natal e, por isso, é chamado assim, em referência ao Niño Jesus (Menino Jesus).


O El Niño causa o enfraquecimento dos chamados ventos alísios (deslocamentos de massas de ar quente e úmido em direção às áreas de baixa pressão atmosférica das zonas equatoriais do globo terrestre). Esses ventos sopram de leste para oeste, acumulando água quente na camada superior do Oceano Pacífico perto da Austrália e Indonésia.


NOAA

La Niña é caracterizado por resfriamento das águas do Pacífico Equatorial


Quando o El Niño ocorre, a camada de águas superficiais quentes do Pacífico acaba se deslocando ao longo do Equador em direção à América do Sul. Ventos quentes favorecem a evaporação e, por consequência, a formação de nuvens.


No Brasil, isso normalmente se traduz em mais chuvas na região Sul e menos chuvas nas regiões Norte e Nordeste.


La Niña é exatamente o oposto no Brasil: chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo dos rios e inundações subsequentes no Norte e no Nordeste do Brasil - e seca no Sul do país. Mas nenhum evento La Niña é igual ao outro.


Segundo o Inmet, neste ano, “a maioria dos modelos de previsão de ENOS (El Niño-Oscilação Sul), gerados pelos principais centros internacionais de meteorologia, indica uma probabilidade superior a 60% de que se mantenha o fenômeno La Niña durante o verão, podendo atingir a intensidade moderada entre os meses de dezembro/2021 e janeiro/2022”.


“Saímos de uma La Niña entre o final de 2020 até Maio de 2021, que foi responsável pela maior Cheia na Amazônia nos últimos 120 anos, para entramos em outra agora que está prevista para durar pelo menos até o primeiro trimestre de 2022. Isso soa o alarme para mais um período de chuvas elevadas e com todas as consequências socioeconômicas que estão ligadas, desde alagamentos a perdas de vidas humanas”, afirma Hagi.

No início de dezembro, fortes chuvas já haviam afetado o sul da Bahia, deixando ao menos 24 cidades da região em situação de emergência.


Diversas localidades ficaram debaixo d’água e pelo menos três pessoas morreram após um deslizamento de terra na cidade de Itamaraju.


DIVULGAÇÃO/INPE

Legenda da foto,Nos mapas disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é possível ver em 10 de dezembro a Zona de Convergência do Atlântico Sul (traços verdes, da Amazônia à Bahia) e a formação da depressão subtropical na região costeira do Brasil (à direita)


Nos mapas disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é possível ver em 10 de dezembro a Zona de Convergência do Atlântico Sul (traços verdes, da Amazônia à Bahia) e a formação da depressão subtropical na região costeira do Brasil (à direita)


Atípica, a depressão subtropical é um evento meteorológico que gira no sentido horário e é marcado pela formação de nuvens, ventos, tempestades e agitação marítima. Em alguns casos, ela pode evoluir para uma tempestade tropical.


“A combinação desses dois acontecimentos, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a área de baixa pressão, é o que intensificou a chuva nas regiões leste e sul da Bahia", disse Aquino em entrevista no início de dezembro.

Segundo ele, "as mudanças na circulação geral da atmosfera sugerem para nós que o oceano mais quente na costa do Brasil poderia formar com mais frequência áreas de baixa pressão como essa, levando à depressão subtropical". Aquino considera precoce associar esses eventos extremos na Bahia às mudanças climáticas no planeta, mas não descarta uma possível ligação entre eles.


"Neste momento, não conecto diretamente as mudanças climáticas com esse evento extremo. (...) Mas, num planeta mais quente, eventos extremos tornam-se mais frequentes, com a formação de depressões subtropicais como esta [vista na Bahia]."

Sobre os temporais durante o Natal na Bahia e a relação com o aquecimento global, Hagi, da Meteonorte, afirma que “de certa forma é possível que a ocorrência desses eventos extremos seja consistente com o que se espera para um mundo cada vez mais quente”.


Redação Com informações: INPE, INMET e Gorvernos Estaduais.

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