O Impacto das Mudanças Climáticas nas Grandes Cidades do Brasil e o Perigo que se Aproxima
Um levantamento preocupante realizado pela ONG Carbon Plan em colaboração com o respeitado jornal The Washington Post revela um futuro sombrio para as capitais brasileiras e para o mundo. De acordo com a pesquisa, até o ano de 2050, mais de 5 bilhões de pessoas, o equivalente a dois terços da população global, estarão expostas a, no mínimo, um mês de calor extremo, representando uma ameaça à saúde humana.
No Brasil, os números são igualmente alarmantes, com pelo menos cinco capitais projetadas para enfrentar mais de 200 dias de calor extremo. A cidade de Pekanbaru, na Indonésia, estará entre as mais afetadas, com um assustador total de 344 dias de calor extremo. Eis a lista das capitais brasileiras e o número de dias projetados de calor extremo:
- Manaus – 258 dias;
- Belém – 222 dias;
- Porto Velho – 218 dias;
- Rio Branco – 212 dias;
- Boa Vista – 190 dias.
Segundo Paulo Artaxo, renomado professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), muitas cidades brasileiras já enfrentam temperaturas excepcionalmente altas. Ele enfatiza que o Brasil, devido à sua vasta extensão territorial e localização tropical, é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas globais. Cidades como Teresina, Cuiabá e áreas do Agreste nordestino já operam nos limites das temperaturas saudáveis.
O impacto do calor extremo se torna ainda mais preocupante em regiões como a Amazônia, onde altas temperaturas se combinam com altos níveis de umidade. Essa combinação pode prejudicar seriamente a capacidade do corpo humano de regular sua temperatura por meio da transpiração. Quando a umidade relativa do ar atinge entre 70% e 80%, a evaporação da água do corpo é dificultada, colocando em risco os mecanismos de resfriamento do organismo.
A pesquisa se baseia em uma condição limite de 32 graus Celsius como nociva à saúde, mesmo para adultos saudáveis, quando expostos por mais de 15 minutos. Além disso, temperaturas extremas podem levar à morte.
Paulo Artaxo adverte que, com as emissões atuais de gases de efeito estufa, a temperatura global média poderá aumentar 3 graus Celsius na segunda metade deste século. Isso se traduzirá em um aumento de cerca de 4 a 4,5 graus em áreas continentais, como o Nordeste brasileiro ou a Amazônia.
A pesquisa também destaca a desigualdade na forma como o calor extremo afetará o mundo. Cerca de 80% da população impactada reside em países de baixa renda, enquanto apenas 2% vive em nações mais ricas. Regiões como o Sul da Ásia e a África Subsaariana enfrentarão desafios significativos devido a questões socioeconômicas, tornando mais difícil para essas localidades enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Além disso, a pesquisa revela que os trabalhadores que desempenham suas funções ao ar livre serão os mais afetados pelo calor extremo. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstram que 10% da força de trabalho ao ar livre está localizada nos Estados Unidos, enquanto a Índia, um dos países mais suscetíveis ao calor extremo, representa 56% desse grupo.
Para mitigar esse problema crescente, os especialistas sugerem mudanças na legislação dos países para melhorar as condições de trabalho dos profissionais que atuam ao ar livre. Isso pode incluir garantir pausas regulares durante o serviço ou, em casos extremos de temperatura, a proibição temporária do trabalho ao ar livre. Além disso, a adoção de coletes com ventiladores acoplados e o uso de roupas brancas têm demonstrado reduzir o estresse térmico na pele dos trabalhadores.
Em resumo, o estudo enfatiza a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa como a única maneira de evitar um colapso no sistema climático global. À medida que as mudanças climáticas se tornam mais evidentes e perigosas, a responsabilidade de mitigar esses impactos recai sobre todos nós, individualmente e como sociedade.
A ameaça do calor extremo não é uma mera projeção futura; é uma realidade que já afeta muitos lugares e que exigirá ação imediata e eficaz para proteger a saúde e o bem-estar de bilhões de pessoas em todo o mundo.
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